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A dor crônica do sedentário ao atleta

A dor crônica do sedentário ao atleta

Este tipo de dor é caracterizado por persistir por um tempo maior que 3 meses, persistir por mais de 1 mês após a resolução de uma lesão tecidual aguda ou por acompanhar uma lesão que não se cura. As causas incluem doenças crônicas, como câncer, artrites, artroses, hérnia de disco, dor neuropática, fibromialgia e cefaleia crônica, dentre outras.

A definição atual de dor, que foi revisada em 2020 pela Associação Internacional para Estudos da Dor (IASP) como “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada a uma lesão tecidual real ou potencial, ou descrita nos termos de tal lesão”, muda completamente a forma como olhamos para um paciente com dor. Cada vez mais estamos estudando o quanto processos de dores crônicas estão relacionados à mecanismos de memória (processo de somatização, que fica registrado no Sistema Nervoso) e aos maus hábitos que ao pessoas mantém automatizados e não percebem o quanto são danosos. Em geral, as doenças crônicas, mesmo tendo algum aspecto genético, estão mais ligados aos maus hábitos de longo prazo, do que ao próprio aspecto genético, isso porque o traço genético que determina que uma pessoa terá uma doença específica, pode não se concretizar quando esta pessoa adquire bons hábitos que inibem aquele padrão genético. este é o aspecto epigenético de desenvolvimento ou não de doenças.

Alguns casos de lesões traumáticas simples, como uma entorse de tornozelo, podem transformar-se em uma saga de tratamentos em busca do entendimento do porquê uma simples lesão de ligamentos se tornou um problema de meses ou até anos para se resolver.

Desde atletas de alto rendimento até sedentários, todos podem ser afetados por complicações, nas quais a lesão inicial (primária) cicatriza e a dor fica. A experiência tem nos mostrado que pacientes que passam por processos de dores, mesmo por lesões de baixa complexidade, acabam agravando o quadro por estarem em um momento de vida estressante ou traumático.

Outro quadro muito comum é relacionar um exame de um paciente que apresenta uma hérnia de disco lombar, por exemplo, com a dor lombar que ele refere na avaliação, mas é importante avaliar mais a fundo cada quadro, pois muitas vezes a dor tem mais a ver com o corpo tentando readaptar a postura ou com um corpo que apresenta muita rigidez, e a conclusão, em alguns casos,  é que muitas vezes a dor melhora rapidamente, independente da hérnia de disco ter sido constatada no exame. Da mesma forma, algumas dores se apresentam em regiões do corpo que não apresentam nenhuma lesão detectada em exames, geralmente por estarem mais associadas aos acúmulos de rigidez em fáscias (envoltórios fibrosos de músculos e órgãos), que não são detectáveis em exames.

Neste contexto, a abordagem biopsicossocial se torna imprescindível, pois olhar para o aspecto biológico (alterações nos tecidos verificados em exames, como uma lesão em um tendão ou uma hérnia de disco), sem olhar para as questões psicossociais não faz sentido. A dor é um processo que se desenvolve a partir de experiência social, são eventos que se somam por repetição ou por intensidade de importância que nosso sistema deu ao evento, e quando falamos em importância, falamos em peso emocional. É fácil lembrarmos onde estávamos e o que estava acontecendo à nossa volta em eventos traumáticos pelo peso emocional do evento, nosso cérebro tende a gravar melhor estes dados por eles serem importantes para nossa sobrevivência, é um mecanismo ancestral.

Portanto, dor crônica não é um simples sintoma, é uma entidade que deve ser analisada e muitas vezes discutida por equipe multidisciplinar. A interação entre os profissionais da área da saúde que tratam um paciente em comum é essencial! O paciente se beneficia, por ser avaliado por vários profissionais com visões diferentes e os profissionais se beneficiam, por ampliarem suas visões em relação ao caso deste paciente em questão, sendo capaz no futuro de avaliar um próximo paciente já com uma visão expandida, sabendo inclusive recomendar com maior propriedade o trabalho do outro profissional da área da saúde.

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